sexta-feira, 28 de agosto de 2009

PESQUISA PRÉ SOCRÁTICOS

PESQUISA PRÉ-SOCRATICOS


Tales de Mileto

Nenhum escrito de Tales sobrevive, nem há fontes contemporâneas a seu respeito. As realizações que lhe são atribuídas baseiam-se em referências tardias ou em lendas mantidas pela tradição. Segundo Heródoto, Tales foi um estadista de visão que advogou a federação das cidades jônicas da região do Egeu. Segundo Aristóteles, foi ele o primeiro a afirmar que a água era a substância fundamental do universo e de toda a matéria.
Considerado o primeiro filósofo grego, Tales nasceu por volta de 625 a.C. em Mileto, onde teria, como um dos sete sábios, fundado a escola que conserva o nome de sua cidade natal. Já se pretendeu ver, na escola de Mileto, quer dizer, em Tales, Anaximandro e Anaxímenes, a expressão mais autêntica do espírito jônico, ao qual se oporiam os eleatas, representantes do espírito dórico. A nova concepção de mundo dos milésios denominou-se logos, palavra grega que significa razão, palavra ou discurso. As características do logos, que o contrapõem ao pensamento mítico, são a imanência (oposta à transcendência), o naturalismo e o abandono do antropomorfismo. Esboçou-se assim a primeira tentativa de explicar racionalmente o universo, sem recorrer a entidades sobrenaturais.
Os filósofos da escola de Mileto eram homens de saber prático, acostumados a viajar, dedicados à política e ao trabalho intelectual. A partir de fatos particulares, conceituaram a realidade como um todo organizado e animado. Diante da multiplicidade e da mutabilidade das aparências, buscavam um princípio unificador imutável, ao qual chamaram arké -- origem, substrato e causa de todas as coisas. Em geometria, atribui-se a Tales a invenção de cinco teoremas. Diz-se também que ele usou seus conhecimentos geométricos para medir as pirâmides egípcias e para calcular a distância entre navios no mar e a costa. Referências como essas, ainda que às vezes possam não corresponder à verdade, ilustram todavia a reputação que o cercava.
Tales teria sido um precursor do pensamento científico ao substituir a explicação mítica da origem do universo pela explicação física de sua cosmologia baseada na água. Para ele, a água era o princípio formador da matéria porque o que é quente precisa da umidade para viver, o morto se resseca, todos os germes são úmidos e os alimentos estão cheios de seiva. É natural que as coisas se nutram daquilo de que provêm. A água é o princípio da natureza úmida, que entretém todas as coisas, e a terra repousa sobre a água.
As combinações se fazem pela mistura e pela mudança dos elementos, e o mundo é um só. A esfera do céu está dividida em cinco círculos, ou zonas: ártica, trópico de verão, equador, trópico de inverno e antártica. Primeiro astrônomo a explicar o eclipse do Sol, ao verificar que a Lua é iluminada por esse astro, Tales de Mileto, segundo o historiador grego Diógenes Laércio, morreu com 78 anos durante a 58ª Olimpíada (548-545 a.C.).
Anaximandro de Mileto; Anaxímenes de Mileto
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

TALES DE MILETO: PRINCIPIO DE TUDO:ÁGUA.
Anaxímenes de Mileto
Filósofo grego pré-socrático, Anaxímenes de Mileto considerava o aer o princípio constitutivo de todas as coisas e, com sua teoria sobre condensação e rarefação, contribuiu para o avanço do pensamento científico.
Anaxímenes nasceu e viveu em Mileto no século VI a.C. e, com Tales e Anaximandro, formou o trio de pensadores tradicionalmente considerados os primeiros filósofos do mundo ocidental. De seus tratados só subsistiram citações em obras de autores subseqüentes, daí os conflitos na interpretação de suas idéias.
Para ele, o aer (ar) era o elemento primordial, de que todas as coisas resultavam e a que retornavam, por um duplo movimento de condensação e rarefação. Os graus de condensação correspondiam às densidades de diversos tipos de matéria. Quando distribuído mais uniformemente, o aer era o ar atmosférico invisível. Pela condensação, tornava-se visível, a princípio como névoa ou nuvem, em seguida como água e depois como matéria sólida -- terra e pedras. Se fosse mais rarefeito, transformava-se em fogo. As aparentes diferenças qualitativas em substância seriam devidas a meras diferenças quantitativas.
Observador sagaz, descreveu o brilho fosforescente de um remo ao tocar a água e afirmou que o arco-íris não era uma deusa, mas o efeito dos raios de sol sobre um ar mais denso.
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ANAXIMENES DE MILETO: PRINCIPIO DE TODAS AS COISAS: AR



Pitágoras
Deve-se ao filósofo e matemático grego Pitágoras a criação da chamada irmandade pitagórica, de natureza essencialmente religiosa, cujos princípios teóricos influenciaram o pensamento de Platão e Aristóteles. Sua reflexão também foi determinante para a evolução geral da matemática e da filosofia ocidental.
Pitágoras nasceu na ilha de Samos, na Anatólia, por volta de 580 a.C. Deixou a terra natal por aversão à tirania de Polícrates, senhor de Samos. Interessado em ciência e filosofia, viajou, ao que parece, pelo Egito, Fenícia, Babilônia, Índia e Pérsia, e visitou santuários gregos. Por volta do ano 530 a.C., emigrou para Crotona, colônia grega do sul da península itálica. Fundou uma comunidade ao mesmo tempo religiosa e filosófica, de tendências aristocráticas, que visava à reforma social e política da região. A confraria parece ter tido atuação decisiva na derrota que Crotona impôs a Sibaris em 510 a.C. Com o triunfo das idéias democráticas, porém, Pitágoras e seus partidários passaram a ser perseguidos.
A influência deixada por Pitágoras foi uma das maiores que registra a história do pensamento antigo, embora ele mesmo não tenha deixado nenhuma obra escrita. Sua doutrina tornou-se conhecida por intermédio de seus discípulos. Constituiu um movimento de reforma do orfismo, que, por sua vez, era uma modificação do culto a Dioniso. A obscuridade que cerca o pitagorismo deve-se, provavelmente, ao caráter religioso e secreto da irmandade, assim como ao fato de seus adeptos considerarem dever piedoso atribuir todas as conquistas alcançadas ao mestre e fundador. Como crença religiosa fundamental, Pitágoras ensinava a transmigração das almas e a abstenção de várias práticas, inclusive a de comer carne, talvez por acreditar na possibilidade da reencarnação da alma humana em animais.
Ligada a uma forma peculiar de misticismo estava a matemática que, como argumentação dedutivo-demonstrativa, começou com Pitágoras. Os pitagóricos interessavam-se pelo estudo das propriedades dos números e chegaram a fundar uma mística numérica. O filósofo teve a originalidade de propor algo imaterial -- o número -- como princípio de explicação das coisas e do mundo. Para a linguagem pitagórica, "número" é sinônimo de harmonia, pois, apesar de sua homogeneidade e invariabilidade, pode expressar as relações que se encontram em permanente processo de mutação. Se o número -- considerado como essência das coisas -- é constituído da soma de pares e ímpares, as coisas também encerram noções opostas, como as de limitado e ilimitado, donde serem vistas como conciliação de opostos, ou seja, como harmonia. Os pitagóricos, porém, valorizavam mais o limitado que o ilimitado e associavam ao primeiro desses conceitos os números pares e ao segundo, os números ímpares.
O caráter dualista das coisas era superado pela tese segundo a qual todas as antíteses observadas no universo acabam por dar lugar a uma grande unidade harmônica, da mesma forma que as séries de números pares e ímpares -- antitéticos -- brotam do "uno" primitivo. Nesse sentido, todas as coisas seriam harmoniosamente compostas de pequenas partículas ordenadas em figuras numéricas.
Os pitagóricos observaram também que havia uma relação entre a altura dos sons e o comprimento das cordas da lira. Da associação do número à música e à mística surgiram os termos matemáticos "média harmônica" e "progressão harmônica". Acreditavam que em todo o universo deve haver essa harmonia, responsável por sua existência e manutenção. O corpo humano com saúde, por exemplo, é uma harmonia que, quando rompida, deve ser restabelecida pela medicina.
A maior descoberta de Pitágoras ou de seus discípulos imediatos deu-se no domínio da geometria e se refere às relações entre os lados do triângulo retângulo. O teorema chamado de Pitágoras demonstra que a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Os egípcios já sabiam que um triângulo cujos lados são 3, 4 e 5 têm ângulo reto, mas os pitagóricos chegaram à proposição geral. A teoria dos números ligada à idéia de harmonia não estimulava a pesquisa científica tal como é entendida na atualidade, mas encerra o grande mérito de admitir que as leis que regem o universo podem ser expressas em termos matemáticos.
A observação dos astros sugeriu-lhes a idéia de que uma ordem domina o universo. Evidências disso estariam na sucessão de dias e noites, no alternar-se das estações e no movimento circular e perfeito das estrelas. Em razão disso, o mundo poderia ser chamado de kósmos, termo que contém as idéias de ordem, de correspondência e de beleza. Para a cosmovisão dos pitagóricos, a Terra é esférica, estrela entre as estrelas que se movem ao redor de um fogo central. Suas distâncias do fogo central coincidem com intervalos musicais, de modo que no universo ressoa uma harmonia das esferas. Alguns pitagóricos falaram da rotação da Terra sobre seu eixo.
A irmandade pitagórica foi desfeita por uma conspiração que pôs fim a sua hegemonia em grande parte do sul da Itália, a Magna Grécia. Alguns discípulos emigraram e o próprio Pitágoras foi desterrado para Metaponto, onde morreu por volta do ano 500 a.C.
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PITÁGORAS: PRINCIPIO DE TUDO: O NÚMERO


Heráclito
Os modernos historiadores do pensamento grego costumam tratar Heráclito como o primeiro filósofo a propor uma visão dialética do mundo. No século XIX, Hegel apontou-o como um precursor de suas próprias concepções.
Heráclito nasceu em Éfeso, por volta de 540 a.C. Ridicularizava os cultos e ritos de seu povo e, por ter um estilo de difícil compreensão, foi cognominado "o obscuro". Da obra que lhe é atribuída, restam apenas alguns fragmentos do livro Peri physeos (Da natureza), que se dividiria em três partes: o universo, a política e a teologia.
As histórias da filosofia apresentam Heráclito como um dos pensadores pré-socráticos, de posições opostas às de Parmênides. Se este era o filósofo do ser, Heráclito era o do vir-a-ser, do devir. Para ele, tudo está em contínuo movimento, tudo flui. Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, porque tanto a água como o homem mudam incessantemente. Na interpretação de pensadores do século XX, no entanto, não há efetiva oposição entre Heráclito e Parmênides, já que o primeiro fala do cosmo em mudança incessante, ao passo que o segundo se refere ao ser supracósmico, o princípio supremo subtraído à mudança, que coincide com o logos de Heráclito.
Todas as coisas constituem o um, que, submetido a uma tensão dialética interna, desabrocha por sua vez no múltiplo, que se reduz à unidade. Calor e frio, bem e mal, noite e dia são simultaneamente múltiplos e unos, pois constituem metades indissociáveis de uma mesma realidade. A guerra, entendida como pura dinamicidade, é mãe e rainha de todas as coisas. A oposição entre contrários define-se como a própria força criadora do real.
Segundo o critério e o método filosófico da escola jônica, Heráclito buscava um princípio único, o arkhé, de que todas as coisas foram feitas. Essa substância fundamental, em sua obra, era o fogo, definido como mobilidade e inquietação. O próprio ar transforma-se em outros elementos e estes, em mudanças sucessivas, chegam ao fogo. Tais mudanças, porém, não se fazem ao acaso. A marcha e a ordem dos acontecimentos são guiadas pelo logos, essência racional do Universo, expressa pelo fogo. Do ponto de vista ético, a virtude consiste na subordinação do indivíduo a essa razão universal. O mal, segundo Heráclito, está em que muitos querem viver como se fossem seu próprio logos, isto é, o centro dos acontecimentos. Heráclito morreu em Éfeso por volta de 480 a.C.
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HERÁCLITO:PRINCÍPIO DE TODAS AS COISAS: O FOGO.



Parmênides de Eléia
Identificando o real com o racional e fazendo do princípio de identidade a premissa fundamental da razão, Parmênides inaugurou o pensamento metafísico que, sistematizado no platonismo, entende como ilusório o mundo dos sentidos.
Parmênides nasceu em Eléia, na Magna Grécia (sul da Itália), por volta de 515 a.C. É possível que tenha sido discípulo de Xenófanes de Cólofon. Foi talvez legislador em Eléia, onde teria também fundado uma escola semelhante aos institutos pitagóricos, para o ensino da dialética. Sua única obra conhecida é um longo poema filosófico em duas partes e 150 versos, chamado Da natureza ou Sobre a verdade, do qual só restam fragmentos.
Assim como outros pensadores pré-socráticos, Parmênides enfrentou uma questão central: a busca de um princípio, ou arké, subjacente a todas as coisas, e a determinação de um traço de união entre esse princípio e a realidade do mundo físico, em constante mutação. Para Parmênides, tudo o que existe constitui uma única realidade: o ser, que ele identifica com o pensamento, uma vez que só se pode pensar sobre aquilo que existe. Esse ser é incriado, imóvel, imutável, homogêneo e esférico, ou seja, fechado em si mesmo. Não pode, portanto, mudar; o aparente movimento das coisas não seria senão um engano dos sentidos. Nesse aspecto, Parmênides se opunha radicalmente a Heráclito, filósofo pré-socrático para quem a mudança era o princípio fundamental da realidade. Admirado por Aristóteles e por Platão, que deu seu nome a um dos Diálogos, Parmênides formulou pela primeira vez o princípio de identidade, ou da não-contradição, segundo o qual o ser é e o não-ser não é, base de toda a lógica posterior. Não se conhece a data de sua morte, mas se sabe que aos 65 anos, acompanhado de seu discípulo Zenão, teria ido a Atenas, onde possivelmente conheceu Sócrates ainda moço.
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PARMÊNIDES DE ELÉIA: PRINCIPIO DE TODAS AS COISAS:RAZÃO.


Empédocles
Visto na antiguidade como profeta e mago, Empédocles também foi político, orador e poeta. Diz a lenda que encerrou sua brilhante carreira atirando-se na cratera do vulcão Etna, para dar aos seguidores uma demonstração convincente de divindade.
Empédocles nasceu em Agrigento, Sicília, então parte da Magna Grécia, por volta de 490 a.C. Continuador da tradição dos jônicos, desenvolveu uma interpretação do universo em que todos os fenômenos da natureza eram entendidos como resultado da mistura de quatro elementos: água, fogo, ar e terra. Esses princípios, também chamados "raízes", seriam eternamente subsistentes, jamais engendrados, e de sua união ou separação nasceriam e pereceriam todas as coisas. Os quatro elementos se uniriam sob a força do amor e se separariam sob o influxo do ódio. Os mananciais e os vulcões seriam provas da existência de água e fogo no interior da Terra.
Segundo Empédocles, no poema Katharmoi (As purificações), do qual resta somente uma centena de versos, a intervenção do ódio está na origem de todas as coisas e dos seres individuais, que se vão diversificando até a separação total e o domínio absoluto do mal. Entretanto, o princípio do amor voltará a triunfar, unificando e misturando tudo até a configuração de uma só coisa, Sphairos, a esfera perfeita, na qual o mundo presente tem princípio e fim. No mundo atual há seres individuais e, portanto, ódio e injustiça, o que exige um processo de purificação que só terminará quando o amor triunfar. Mas esse triunfo é ainda relativo: a evolução dos mundos é um processo no qual se manifesta um domínio alternado do amor e do ódio, do bem e do mal. Apesar da lenda, supõe-se que a morte de Empédocles tenha ocorrido no Peloponeso, Grécia, por volta de 430 a.C.
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EMPÉDOCLES:PRINCÍPIO DE TODAS AS COISAS: OS QUATRO ELEMENTOS:AGUA, FOGO AR E TERRA, DENOMINADOS RAIZES.

Demócrito
Depois de séculos de esquecimento, a teoria do atomismo, formulada no século V a.C. por Demócrito, recuperou a importância em virtude das interpretações mecanicistas do mundo surgidas no século XVII.
Acredita-se que Demócrito tenha nascido por volta de 460 a.C., em Abdera, na Trácia. Foi discípulo de Leucipo de Mileto, que teria esboçado a teoria atomista. Sua obra, da qual só restam fragmentos, insere-se no contexto dos filósofos pré-socráticos, preocupados sobretudo com a descoberta do arké ou princípio gerador das coisas.
Para explicar as mudanças da natureza, Heráclito havia afirmado que tudo é movimento, enquanto Parmênides dizia que o ser é uno e imutável e que o movimento é ilusão. Tentando resolver esse dilema, Demócrito considerou que toda a realidade se compunha de dois únicos elementos: o vácuo ou não-ser e os átomos. Afirmava que o arké são os "átomos", palavra grega que designa aquilo que é indivisível. Os átomos, segundo Demócrito, são materiais eternos e sem causa, cujas propriedades são tamanho, forma, impenetrabilidade e movimento. Essas partículas se movem continuamente no vácuo e, segundo sua forma e tamanho, constituem os diferentes corpos físicos: sólidos, gasosos etc. Todos os fenômenos e mudanças de estado, como a morte, não passam de combinações e separações de átomos.
Demócrito explicava a sensação argumentando que os corpos emitiam imagens muito tênues que impressionavam a alma, também material, por meio dos sentidos. A partir desse conhecimento sensorial o homem se elevaria até o racional. Demócrito, portanto, oferece uma explicação totalmente material e mecanicista do mundo. Portanto, sua ética é antes de tudo prática e se encaminha para o bem comum. O homem deve aspirar à epitimia, ou tranqüilidade de espírito, livre de temores e emoções, e sua busca precisa ser garantida por leis justas de convivência. Demócrito morreu por volta de 370 a.C.
Atomismo
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DEMÓCRITO: PRINCIPIO DE TODAS AS COISAS: ÁTOMOS



Anaxágoras
Além de ter elaborado teorias de indiscutível profundidade, Anaxágoras exerceu notável influência sobre a filosofia grega posterior a ele, tendo introduzido em Atenas as concepções desenvolvidas pelos pensadores das colônias helênicas.
Nascido em Clazômenas por volta do ano 500 a.C., na juventude Anaxágoras foi para a capital da Ática, onde logo se tornou a figura principal do grupo de intelectuais reunidos em torno de Péricles, governante da cidade. Sua obra, cuja interpretação, em parte por causa da escassez de fragmentos, é muito controvertida, pode ser situada na confluência entre a tradição milésia e o pensamento de Parmênides. Com os filósofos de Mileto, sustentava que a experiência sensorial põe o ser humano em contato com uma realidade cambiante, cuja constituição última ele pretendia encontrar. Com Parmênides, afirmava que só o ser é e o não-ser não é, porque ao ser, enquanto totalidade, não se pode acrescentar nem tirar nada.
Considerava, em conseqüência, que "nada vem à existência nem é destruído, tudo é resultado da mistura e da divisão". A cambiante pluralidade do real é simplesmente o produto de ordenações e reordenações sucessivas, já não dos quatro elementos tradicionais -- água, terra, fogo e ar --, mas sim de "sementes", ou "homeomerias", das quais há tantos tipos quantas classes de coisas existem. Nada pode chegar a ser aquilo que não é ou deixar de ser o que é: "como poderia chegar a ser carne aquilo que não é carne ou pêlo aquilo que não é pêlo?".
Anaxágoras, contudo, defendeu também a idéia de que, junto à matéria, existe um princípio ordenador, um nous ou "inteligência", como causa do movimento. Por isso foi chamado de o primeiro dualista. Platão saudou com entusiasmo essa inovação, mas criticou o filósofo de Clazômenas por fazer uso insuficiente dela. Segundo interpretava Platão, Anaxágoras recorria a essa tese apenas para explicar a origem do movimento no universo, produzido esse movimento, o universo ficava abandonado a forças mecânicas. Não é claro que as coisas se passassem assim, nem se o nous era concebido como algo plenamente imaterial ou se, ao contrário, tinha uma certa materialidade, mesmo que sutil. De fato, as opiniões científicas de Anaxágoras, que se chocaram com as concepções religiosas da época, lhe custaram ser julgado por ateísmo. Graças à ajuda de Péricles, conseguiu refugiar-se em Lâmpsaco, onde morreu por volta de 428 a.C.
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ANAXÁGORAS: PRINCIPIO DE TODAS AS COISAS: SEMENTES OU “HOMEOMERIAS”(SEMENTES INVISIVEIS)


Anaximandro de Mileto
Filósofo grego pré-socrático, Anaximandro de Mileto é considerado o fundador da astronomia e o primeiro pensador a desenvolver uma cosmologia, ou visão filosófica sistemática do mundo.
Nascido em Mileto no ano 610 a.C., foi discípulo de Tales, o fundador da "escola de Mileto". Teria escrito tratados sobre geografia, astronomia e cosmologia, que perduraram por vários séculos. Racionalista que prezava a simetria, utilizou proporções geométricas e matemáticas na tentativa de mapear o céu, abrindo o caminho para astrônomos posteriores.
Em sua teoria, o mundo derivava de uma substância imponderável, denominada apeiron (ilimitado), matéria eterna e indestrutível, que precedeu a "separação" em contrários, como quente e frio, seco e úmido, representando assim a unidade primordial por trás da aparente diversidade dos fenômenos. Todos os elementos antagônicos estavam contidos no apeiron, que não tinha princípio porque não tinha fim.
São-lhe atribuídas a descoberta da obliqüidade da eclíptica, e a invenção do quadrante solar e dos mapas geográficos. Antecipou a teoria evolucionista, com hipóteses sobre a transformação de espécies inferiores em superiores. Afirmava que a Terra permanecia em sua posição sem suporte no centro do universo porque não tinha motivo para se mover em nenhuma direção, mantendo-se em repouso.
De seus numerosos trabalhos, só subsistiu a frase que considera o surgimento de substâncias individuais (água, fogo) como uma "injustiça" para a qual os deuses exigiam uma "reparação"; por isso, nem o frio nem o calor são permanentes. Anaximandro de Mileto teria morrido por volta de 546 a.C.
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ANAXIMANDRO DE MILETO:PRINCIPIO DE TODAS AS COISAS: O INFINITO, O ILIMITADO, O INDETERMINADO

Melisso de Samos
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nota: Se procura pela figura mitológica, consulte Melisso de Creta.

Melisso de Samos (em grego, Μέλισσος ὁ Σάμιος Militar, político, filósofo e poeta grego nascido na Ilha de Samos, Mar Egeu, um estadista e comandante naval sâmio que também contribuiu com a filosofia, e produziu influência no atomismo de Leucipo e Demócrito, tornando-se um dos continuadores da escola eleática, os quais tenderam a conciliações. Inicialmente um militar, desempenhou papel de relevância na política grega, como comandante da esquadra naval que derrotou os atenienses de Péricles (441 a. C.). Praticamente este é a única ação que se sabe de sua vida e como filósofo, que tenha atingido o apogeu de sua existência pelos anos posteriores a esta batalha ( 444-441 a. C). Pela sua obra depreende-se que foi mais um polemista e defensor das idéias de Parmênides de Eléia, portanto antipitagórico, e sobretudo contra Empédocles, não se sabe todavia como teria tomado contato com as doutrinas da escola ocidental. Tratou de ajustar os extremismos do eleaticismo com a filosofia jônica, tornando-se responsável pela sistematização dessa doutrina, além de mudar alguns pontos de vista, e estabeleceu que o ser é infinito, tal como é infinito no tempo, ou seja eterno. Seu principal poema foi Sobre o ser ou Sobre a Natureza, do qual se conservaram até nossos dias dez fragmentos, e morreu em lugar incerto. Simplício se referiu a um seu livro, denominando-o Tratado sobre a física ou do ente.
MELISSO: “MAS DESDE QUE NÃO TEM NENHUM COMEÇO NEM TÉRMINO ERA SEMPRE E SEMPRE SERÁ. E NÃO TEM NENHUM PRINCÍPIO FINITO. NÃO É POSSÍVEL ALIÁS QUE O QUE É SEMPRE NÃO SEJA TODO."

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