sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O que é convencional?


Quem criou as convenções? O que é ser convencional? Vivo conflitos particulares onde não consigo conciliar meu quere com meu dever, mas o que é convencional? Meus professores um dia me disseram que seria deselegante não aceitar a oferta de um esquimó para dormir com sua esposa, as moças devem ser passionais e aguardar um bom momento para se dirigir aos rapazes, as regras de etiqueta então... Quanta confusão! Os ocidentais seguem em direção ao que é direito, os médio-asiáticos seguem o que é da religião, os asiáticos seguem as doutrinas dos mais velhos ou o que é pratico.

Vivo em conflito com as convenções e não sei se posso mudá-las, mas quem faz essas regras terríveis que me obrigam a fazer o que os outros me dizem que é certo? Afinal o que é certo?

Na china é certo comer animais ou insetos exóticos ou procurar um marido rico sem medo de ser chamada de golpista. Procurar marido em classificados é normal no Japão enquanto que ainda nos preocupamos com os encontros amorosos pela internet.

O que devo fazer com a minha vida? Ser convencional ou ser feliz? Muitas vezes deixamos de acreditar em nossos sonhos e buscamos agradar a sociedade como um todo, somos reféns das conveniências e órfãs das realizações pessoais.

Amélica Betânia Dias 12 de agosto de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Poema em linha reta- Fernando Pessoa

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

domingo, 8 de maio de 2011